Prematuros

foto de um bebê prematuro recém-nascido dormindo

A maioria das gestações dura 40 semanas e um bebê nascido antes da 37ª semana é considerado como bebê prematuro ou pré-termo. No Brasil, aproximadamente 12% do total de nascimentos ocorrem antes de 37 semanas de gestação. Ou seja, cerca de 360 mil bebês nascem prematuros todos os anos no país.

O avanço da medicina possibilitou que a maioria dos bebês prematuros sobreviva e continue a se desenvolver normalmente. Entretanto, é necessário um acompanhamento adequado após a alta hospitalar, minimizando os riscos de complicações e, quando necessário, encaminhando precocemente para o tratamento correto.

Quando o bebê é considerado prematuro?

O bebê prematuro é classificado de acordo com a idade gestacional, sendo considerado prematuro aquele que nasce abaixo de 37 semanas. Além disso, no que se refere ao peso de nascimento, aqueles bebês com menos de 2,5 kg como baixo peso, muito baixo peso os com menos de 1,5kg e extremo baixo peso aqueles com peso menor que 1kg.

Quando o bebê prematuro está pronto para a alta hospitalar?

Importante saber que o hospital não dará alta para o bebê prematuro até que a equipe tenha certeza de que a família e o novo membro estejam prontos. Isso geralmente significa que o bebê não precisa mais de equipamento especializado e do atendimento médico do próprio hospital.

Em resumo, isso pode acontecer quando o bebê estiver ganhando peso constantemente e podendo amamentar ou usar mamadeira em todas as mamadas, bem como não tiver problemas respiratórios e poder manter a temperatura do corpo estável.

Entre os principais critérios utilizados para possibilitar a alta do prematuro estão:

  • O bebê demonstrar estabilidade fisiológica;
  • ntendimento por parte dos pais e/ou cuidadores sobre como alimentar e prestar os cuidados básicos, bem como administrar medicações e detectar sinais que precisem de avaliação médica com urgência;
  • Concluir um plano de alta, com todas as informações necessárias para que as necessidades relativas ao cuidado domiciliar e médico sejam devidamente entendidas e seguidas;
  • Esclarecimento sobre a importância do seguimento do tratamento para monitorização do crescimento, do desenvolvimento e intervenção preventiva e terapêutica.

Orientações aos pais na alta da UTI Neonatal

Os pais de bebês prematuros precisam de orientações claras e detalhadas para se sentirem seguros ao ir para casa. Isso ajuda a garantir que conseguirão lidar com os principais desafios dos dias subsequentes à alta, bem como dar confiança sobre como agir diante dos cuidados gerais e de saúde do novo membro da família.

Entre as principais recomendações aos pais na alta da UTI Neonatal, encontram-se:

  • Orientações gerais sobre cuidados básicos: medicamentos, banho, roupas, produtos que podem ser utilizados;
  • Alimentação: aleitamento materno, mamadeira, introdução alimentar;
  • Prevenção de infecções;
  • Orientação sobre vacinas;
  • Fatores de risco e prevenção da Síndrome da Morte Súbita do Lactente;
  • Necessidade de acompanhamento especializado para verificar e estimular o desenvolvimento da criança;
  • Importância do acompanhamento pediátrico.

Como são os primeiros dias do bebê prematuro em casa?

Muitos prematuros não precisam de apoio médico especializado depois de deixar o hospital, mas todos precisarão de cuidados médicos e avaliação regulares. Isso irá permitir evitar possíveis complicações ou iniciar um tratamento de forma precoce.

Em casa, uma das primeiras recomendações diz respeito ao descanso. Desde o nascimento, bebês prematuros permaneceram em um local com barulho e luzes ligadas 24 horas. Por isso, pode ser uma boa ideia tentar manter os primeiros dias em casa mais quietos e hostis possível. Isso ajudará o bebê a se sentir relaxado, calmo e a lidar com todas as mudanças.

Além disso, nos primeiros dias é aconselhável evitar receber visitas e ficar perto apenas da própria família imediata e de ajuda especializada, caso necessário. Isso porque os bebês prematuros precisam de uma proteção extra contra muita manipulação e muitas pessoas novas para começar, ajudando a prevenir infecções e superestimulação.

Ao sair do hospital e nos meses seguintes, é preciso se certificar de que o bebê esteja com os exames e as vacinas em dia, seguindo as recomendações do pediatra. Aliás, no início, as idas ao pediatra podem ser mais frequentes para acompanhar o peso e o desenvolvimento do bebê prematuro. Isso é normal nestes casos.

Sobre a alimentação, o aleitamento materno é o recomendado. Caso não seja possível, o pediatra irá orientar sobre o uso de fórmulas, bem como sobre a introdução de alimentos posteriormente. Vale ressaltar que os prematuros costumam ser mais sonolentos e, portanto, precisam ser acordados para mamar. Lembrando que o tempo de mamada não deve ultrapassar quatro horas de intervalo entre as mesmas.

De forma geral, as orientações de cuidados são semelhantes às de um bebê a termo. No caso do banho, este deve ser dado em um local sem correntes de ar, com sabonete neutro e utilizando uma toalha macia para a secagem. Evitar o uso de produtos como talco, perfumes e óleos é fundamental. Não precisa exagerar na roupa, se adequando a temperatura do ambiente.

O bebê já pode dormir no berço, desde que fique próxima aos pais, evitando a Síndrome da Morte Súbita do Lactente. Além disso, o colchão deve ser firme e não deve conter almofadas, travesseiros ou mantas. Outra recomendação é que o bebê durma de barriga para cima, com a cabeça descoberta e os pés próximos da borda inferior do berço.

Por fim, um dos principais cuidados que os pais de bebês prematuros devem ter é seguir corretamente, quando necessário, o acompanhamento de profissionais especializados, para estimular o desenvolvimento da criança.

Principais cuidados na abordagem pediátrica de bebês prematuros

É papel do pediatra estar atento às particularidades de um bebê prematuro. Por isso, durante as consultas, ele deve realizar um exame físico completo e detalhado, indicando outras avaliações sempre que necessário, com o objetivo de monitorar, tratar e encaminhar para um programa de intervenção de forma precoce, evitando complicações e trabalhando em prol do desenvolvimento do bebê.

Vacinas do prematuro

De forma geral, o bebê prematuro deve ser vacinado de acordo com a própria idade cronológica, seguindo o calendário oficial, nas mesmas doses e intervalos das crianças nascidas à termo. Entretanto, para aqueles que nascem com menos de 31 semanas ou têm doenças cardíacas, a vacina contra o vírus sincicial respiratório, que provoca diversas infecções no trato respiratório, é indicada.

Frequência de visitas ao pediatra

Bebês prematuros costumam consultar com o pediatra com mais frequência do que os outros. Geralmente a primeira visita deve ocorrer 7 dias após a alta hospitalar e, a partir deste encontro, será estabelecido o ritmo das próximas consultas. Entretanto, consultas semanais são recomendas no primeiro mês após a alta para acompanhar, principalmente, o ganho de peso.

Baixo peso na prematuridade

É considerado de baixo peso ao nascimento todos os recém-nascidos com menos de 2.500 gramas. Os de muito baixo peso são aqueles que nascem com peso inferior a 1.500 gramas. Já os de extremo baixo peso são os bebês que nascem com peso menor de 1.000 gramas.

Exame físico geral do prematuro

Os exames físicos realizados em bebês prematuros são realizados de forma minuciosa, dando devida atenção a alguns fatores, tais como:

  • Pele e mucosas: o pediatra tem um olhar atento ao bebê prematuro buscando alguns sintomas específicos como conjuntivite, dermatite de fraldas, diferentes lesões cicatriciais, entre outras, recomendando tratamento imediato;
  • Como aproximadamente 80% dos pré-termos apresentam hérnia umbilical, esta é uma preocupação a mais durante os exames, uma vez que pode ser um fator de risco para os bebês prematuros;
  • Localização dos testículos, uma vez que a distopia testicular afeta cerca de 33% dos bebês prematuros;
  • Padrão respiratório: a avaliação inclui frequência respiratória e presença de tiragens e retrações;
  • Exame do quadril;
  • Busca por malformações congênitas maiores e menores, diagnosticadas ou não durante o nascimento, necessitando ser reavaliadas e registradas;
  • Peso, perímetro cefálico e comprimento.

Desenvolvimento do prematuro

A avaliação do desenvolvimento do bebê prematuro é realizada em toda consulta médica, compreendendo o exame físico, neurológico, bem como avaliando os marcos do desenvolvimento.

Este acompanhamento deve ser ainda mais cauteloso nos primeiros anos de vida, já que é nesta fase que são adquiridas diferentes habilidades como: motora, linguagem, cognitiva e pessoal-social. Desta forma, qualquer desvio da normalidade, pode ser diagnosticado precocemente, iniciando o tratamento logo no início do problema, quando há mais chances de recuperação.

Apesar de quanto mais prematuro o bebê, maiores serem os riscos para a sua saúde, os avanços da medicina aumentaram consideravelmente as chances deles se desenvolverem normalmente e com qualidade de vida.

De todo modo, importante esclarecer que não se deve exigir que um bebê prematuro sente, engatinhe, fale ou ande no mesmo período em que um bebê a termo. Isso porque os prematuros são "mais novos" do que o que a sua idade real mostra. Os pais precisam entender que toda criança é única e tem seu próprio tempo para realizar os diferentes marcos do desenvolvimento infantil.

Crescimento do prematuro: qual curva de referência utilizar?

As curvas de acompanhamento de bebês prematuros baseiam-se no padrão de crescimento do bebê ainda no útero. Existem várias curvas de crescimento que podem ser utilizadas, mas nenhuma pode ser considerada ideal e específica para o bebê prematuro.

De forma geral, elas abrangem desde os prematuros mais extremos até a idade de termo. Entretanto, todas devem contemplar o comprimento, perímetro cefálico e peso. A avaliação do crescimento do prematuro é de extrema importância para identificar seu prognóstico e crescimento, com o objetivo de ajudá-lo a alcançar uma vida saudável e semelhante aos demais bebês.

Exame neurológico do prematuro

O acompanhamento neurológico é fundamental para o bebê prematuro e deve iniciar já no ambiente da unidade de terapia intensiva neonatal e continuar pós a alta hospitalar. Além da avaliação propriamente dita, alguns exames complementares fazem parte desta análise, como Ultrassonografia Transfontanelar e Ressonância Magnética de Crânio, por exemplo.

Este acompanhamento neurológico, dependendo do caso, pode se estender pelos primeiros anos de vida da criança. Vale lembrar que esta avaliação é realizada de acordo com a idade gestacional do prematuro, uma vez que o que parece atraso pode ser devido uma diferença da fase de desenvolvimento em que se encontrava ao nascer antes do tempo.

Sinais de alerta para déficit no primeiro ano de vida do prematuro

Os principais sinais de alerta para déficit no primeiro ano de vida do bebê prematuro são:

  • Baixo ganho de peso;
  • Baixo crescimento;
  • Desenvolvimento do perímetro cefálico abaixo ou acima do normal.

É importante identificar de forma precoce qualquer problema de desenvolvimento ainda no primeiro ano de vida do bebê prematuro. Desta forma o encaminhamento para o tratamento será realizado o quanto antes, aumentando as chances de recuperação.

Sinais de alerta para déficit após o primeiro ano de vida do prematuro

Os principais sinais de alerta para déficit após o primeiro ano de vida do bebê prematuro são:

  • Pouco ganho de peso;
  • Baixo crescimento;
  • Atraso no desenvolvimento motor, cognitivo e sensorial;
  • Alterações nutricionais.

Estes são alguns dos principais pontos que devem ser avaliados com devida atenção pelo pediatra, para conseguir garantir qualidade de vida para os bebês prematuros.

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